O Beach Tennis passou a ser mais uma opção esportiva, recreacional ou competitiva, que surgiu com a mescla de elementos de atividades já consagradas como o Tênis, Volibol, Beach Vôlei, Paddle e até mesmo o Frescobol. Desta forma, gestos biomecânicos semelhantes em sua essência com as modalidades precursoras são passíveis de determinar uma gama de alterações musculoesqueléticas crônicas assim como gerar traumatismos agudos. Menos frequentes, estas lesões de caráter agudo dizem mais respeito à traumas indiretos como entorses articulares e estiramentos musculares, muito embora não sendo um esporte de contato, possa ocorrer choques raros e eventuais contra companheiros, adversários ou elementos no entorno da quadra de jogo (poste, grades..) A acessibilidade ao esporte permite divertimento e condicionamento físico a praticantes de ambos os sexos e de todas as idades, e, portanto, exige atenção e cuidados especiais de saúde. A avaliação médica pré participação é de extrema importância para todos os esportes não sendo diferente para este, principalmente aqueles de faixa etária mais elevada e/ou portadores de doenças prévias. Os equipamentos para a prática do Beach Tennis, raquete e bola, possuem características específicas principalmente no que diz respeito ao tipo de material com que são confeccionadas e que evoluem a cada ano principalmente em relação a diminuir os efeitos vibratórios gerados e transmitidos ao jogador. As patologias decorrentes dos jogos com raquete são mais prevalentes nos membros superiores, particularmente nas articulações de punho, cotovelo e ombro, e predominantemente no lado dominante. A prática sobre um piso macio da areia, diminui as lesões por impacto, melhoram a propriocepção articular e incrementam o tônus e trofismo muscular, em contrapartida a irregularidade do terreno possa requerer cuidados especiais em relação a lesões ligamentares e tendinosas dos membros inferiores. Importante lembrar que na maioria das vezes é praticado sob a luz natural do sol, em climas que podem ser muito quentes, portanto, uma hidratação adequada e o uso correto de protetores de pele não podem ser negligenciados.
Como todo esporte que requer arranque, mudanças de direção, saltos, aterrisagem, acelerações e desacelerações, ainda que em um espaço mais reduzido, estará também o praticante sujeito ao infortúnio das torções – ENTORSES ARTICULARES, e as articulações dos membros inferiores (tornozelo, joelho e dedos dos pés) são as mais acometidas.
ENTORSE DE TORNOZELO: O complexo ligamentar lateral do tornozelo é composto por 3 principais estruturas (ligamento talo fibular anterior, ligamento fibulocalcaneano e ligamento talo fibular posterior) que conforme a magnitude do trauma são atingidos isoladamente ou em conjunto determinando graus de instabilidade que estabelecerão a conduta a ser tomada. Na grande maioria das vezes estas lesões apresentam-se como torções leves, benignas, que se tratadas prontamente com repouso, proteção articular e medidas fisioterápicas permitem retorno relativamente rápido a prática do esporte. Casos mais raros como fraturas maleolares, fraturas da base do quinto metatarsiano e luxação tíbiotársica necessitam avaliação especializada de cirurgião ortopédico.
ENTORSE DE JOELHO: Dentre os quatro grandes ligamentos da articulação do joelho ,especial atenção deve ser dada ao ligamento cruzado anterior(LCA),uma vez que a ruptura desta estrutura requer como tratamento de eleição a reconstrução cirúrgica. O movimento de queda na areia após o salto com algum componente rotacional pode originar este tipo de lesão, que não raro pode vir acompanhada por lesões meniscais e da cartilagem hialina articular. A sensação de insegurança gerada pela ausência deste ligamento e a repetição dos episódios torcionais desautorizam o retorno ao esporte sem o devido reparo cirúrgico. O período de reabilitação e retorno é longo (mínimo 6 meses) sendo considerada uma das mais temidas lesões de atletas competitivos. O Ligamento Colateral Medial (LCM) também pode ser lesionado após estresse em valgo acentuado da articulação do joelho (escorregar no piso irregular). O tratamento nestes casos se faz predominantemente através de medidas fisioterápicas e períodos curtos de imobilização .
ENTORSE PÉ: com frequência os dedos dos pés podem ficar presos na areia e gerar distúrbios capsuloligamentares que eventualmente possam comprometer a continuidade de participação em uma partida, particularmente quando se trata da articulação metatarsofalangeana do hálux(dedão). O uso de uma imobilização (espica) minimiza os sintomas dolorosos e uma sapatilha especial pode prevenir tal situação.
TENDÕES: Com cada vez mais praticantes de meia idade e faixa etária elevada, também um número de lesões específicas suscitam preocupação- As Rupturas Tendinosas. A degeneração tecidual com perda da elasticidade determina uma vulnerabilidade maior a estas estruturas tão importantes no processo de geração do movimento. As estruturas tendinosas com maior probabilidade de acometimento durante a prática do Beach Tennis nos membros inferiores são: tendão calcâneo (Aquiles), tendão quadricipital, tendão patelar e tendão tibial posterior. Nos membros superiores os tendões do manguito rotador do ombro, o cabo longo do bíceps braquial e o peitoral maior. Como o tratamento ,na quase totalidade dos casos ,a indicação cirúrgica é a mais recomendada ,cabe tomar-se precauções ,tanto na prevenção (bom preparo físico, alongamentos adequados)quanto evitar situações que podem predispor tais eventos como submeter-se a infiltrações locais de corticóides e uso de anabolizantes.
Dentre as lesões musculares o Estiramento é a mais comum, e é ocasionada por um alongamento das fibras musculares além do seu estado fisiológico ou resultado de uma contração excêntrica de um gesto próprio do esporte. O beach Tennis exige ações rápidas de aceleração, frenagem e saltos e os grupamentos musculares, desta forma, mais atingidos são os músculos da panturrilha ("tennis leg"- gastrocnêmio medial) e os posteriores da coxa (isquiotibiais).A classificação em graus de gravidade das lesões são baseadas no percentual de fibras atingidas e norteiam o tipo de tratamento e o tempo de afastamento das atividades físicas. Importante identificar estas lesões (exames de Ultrassonografia ou Ressonância Nuclear Magnética) e tratar adequadamente, já que quando subestimadas pelos atletas, as recidivas são frequentes.
MEMBROS SUPERIORES: Menos comuns, em virtude do piso macio e das características do jogo, as lesões agudas dos membros superiores ainda assim merecem cuidados e atenção. Infortúnios, como luxações articulares (gleno umeral, acrômio clavicular e cotovelo), são geralmente determinados por choques involuntários e quedas inesperadas, mesmo que ocorram em um terreno que absorva impactos. As fraturas, em geral são muito raras, tanto em membros superiores como inferiores, e necessitam de cuidados imediatos e avaliação de um serviço de traumatologia.
LOMBALGIA AGUDA: O espasmo muscular súbito dos paravertebrais, quadrado lombar, grande dorsal ou outros músculos da região tornam limitada a continuidade da prática do esporte. As Ações típicas de voleio, saques associados aos saltos, flexões torções de tronco e potencializado pelo predomínio de lateralidade são responsáveis diretos por esta afecção dolorosa que invariavelmente se entende por um período adicional de dias ou semanas de desconforto e impotência funcional e que muitas vezes podem levar a investigações diagnósticas além de exaustivas formas de tratamento conforme a duração dos sintomas.
Os movimentos repetitivos dos golpes típicos das modalidades com raquete associados com volume, intensidade e frequência dos jogos e treinos são os responsáveis por uma série de patologias crônicas de tratamentos muitas vezes longos e desafiadores. As lesões na articulação do cotovelo, merecem maior atenção, por serem as mais comuns, sendo a patologia do face lateral desta articulação denominada de "tennis elbow".
Epicondilite Lateral do Cotovelo (TENNIS ELBOW): Esta condição dolorosa atinge a origem muscular e a aponeurose do músculo extensor radial curto do carpo(punho) junto a eminência óssea chamada epicôndilo lateral do úmero. O Tipo de raquete, a condição de absorver a força e tensão geradas pelos impactos contra a bola, a empunhadura inadequada e erros técnicos são determinantes para o surgimento desta afecção. Muitos jogadores na finalidade de amenizar a dor colocam pequenas órteses(cintas) no antebraço no intuito de dissipar a energia resultante do impacto bola-raquete. A Fisioterapia tem papel fundamental na cura e recuperação utilizando-se de eletroterápia, termoterapia, terapia manual, cinesioterapia e diversas outras técnicas. Eventualmente terapias alternativas como acupuntura, mesoterapia e ondas de choque podem ser também ser requisitada. Embora seja descrita como uma patologia auto-limitada e exista um consenso de que a maioria dos casos são muito bem tratados conservadoramente, se os sintomas dolorosos e a impossibilidade de jogar se estender por um período superior a 6 meses, pode ser indicado até mesmo tratamentos cirúrgicos.
Epicondite medial do cotovelo: Os sintomas dolorosos são percebidos na face interna(medial) do cotovelo (Epitróclea)onde o grupamento muscular pronato-flexor do punho tem origem. O princípio do surgimento da patologia é similar ao TENNIS ELBOW, onde os movimentos repetitivos, como o Smash e o saque, são os principais golpes envolvidos. Assim, o aprimoramento das técnicas dos gestos desportivos, a observação da tipologia da raquete (peso e formato), a empunhadura correta e o fortalecimento e elasticidade muscular contribuem para a prevenção. O mesmo conceito de tratamento da epicondite lateral deve ser seguido, uma vez que a etiologia de sobrecarga mecânica é a mesma.
Ombro doloroso: Inúmeras condições patológicas relacionadas ao esporte com raquete são promovidas por movimentos do membro superior acima da linha da cintura escapular podendo gerar nesta articulação específica conflito musculo-ósseo-tendinoso resultando em processos inflamatórios como BURSITE SUBACROMIAL,TENDINOPATIAS e RUPTURAS DO MANGUITO ROTADOR.A instabilidade articular decorrente de alterações intrínsecas capsuloligamentares também são responsáveis para o aparecimento das tendinoses (degeneração tecidual). A artrose acrômio clavicular certamente é uma das afecções crônicas mais dolorosas e incapacitantes de jogadores de beach tennis veteranos ou aqueles com trauma prévio nesta articulação. Exercícios com faixas eláticas (thera band) ajudam no fortalecimento dos músculos estabilizadores do ombro, a Fisioterapia é imprescindível em qualquer situação e cirurgias de reparo (videoartroscopias) muitas vezes são executadas para a continuidade da prática do esporte.
Cisto de Punho: Formações tumorais benignas que surgem nas regiões dorsais ou palmar dos punhos decorrentes também de um processo inflamatório pela repetição de movimentos com excessiva produção de líquido sinovial represado nas bainhas sinoviais tendinosas ou mesmo advindo da própria articulação do punho. Dependendo da localização podem causar dor, limitar movimentos e com isto necessitar de esvaziamento por punção aspirativa ou exérese cirúrgica. Na maioria das vezes causa apenas um aspecto cosmético, não sendo preciso qualquer intervenção. Muitos atletas utilizam–se de munhequeiras no intuito de diminuir a amplitude dos movimentos do punho e estabilizar de certa forma a articulação.
Modificações na estrutura óssea de início insidioso podem ocorrer em jogadores que particularmente abusam, exageram na forma e quantidade de treinamento e jogos não respeitando o princípio de recuperação e repouso .Com a sobrecarga de ações e consequentemente fadiga muscular, a absorção dos impactos ,forças de compressão e tensão são direcionadas a determinados sítios do esqueleto determinando desequilíbrio negativo entre a formação e reabsorção óssea, fragilizando o local e promovendo o aparecimento da reação de estresse e a fratura. No Beach Tennis, os membros inferiores são mais atingidos e tíbia, fíbula e metatarsianos os ossos mais frequentemente lesados. Sintomas dolorosos prolongados e frequentes em antebraço e tórax podem levar a suspeita desta patologia respectivamente na ulna e arcos costais. Esta condição determina ao praticante um período relativamente longo de afastamento da modalidade muitas vezes sendo necessário imobilizações e controles periódicos com exames complementares de imagem e laboratoriais.
PUNHO/MÃO
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Trecho do Livro "Beach Tennis – Um Esporte em Ascensão" – Santini, Joarez, & Mingozzi, Alex
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